terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Capítulo 12

(Continuação dos capítulos anteriores. Comece lendo o Capítulo 1) 

Enfurecido o monstro urrava e tentava a todo momento nos acertar com os punhos cerrados, mas conseguíamos escapar... éramos menores e mais rápidos. Ele não nos perdia de vista, tamanha era a sua vontade de nos acertar. Até que um dos nossos, armado com a machete,  acertou-lhe um bom golpe no joelho, o que fez com que o monstro sentisse muita dor e, por um momento, o encarasse fixamente, permitindo que eu e um outro homem desarmado saísse depressa por baixo dele. O Troll ainda recebeu pelas costas mais alguns golpes de porrete desferidos por um dos nossos, na tentativa de dar cobertura um ao outro. Eu corria muito, seguia um filete de luz que apontava lá longe, provavelmente a saída daquela obscura caverna... de repente paramos. Tínhamos chegado à saída e torcíamos muito pra não ouvir novamente o urro do Troll. Queríamos mesmo era ver os dois humanos saírem vencedores daquele combate e o silêncio evidenciaria isso. Mas o que sentimos assustadoramente foi o tremor de seus passos vindo em nossa direção. Não tínhamos outra opção, então  saímos em fuga de lá, com medo de acontecer conosco o mesmo que aconteceu com os dois que ficaram, somente fomos testemunhas da coragem e bravura de cada um deles. Eles deram a vida para que eu e o meu parceiro de fuga sobrevivesse. Passamos o restante do dia descendo a montanha e nos demos conta que estávamos próximos ao condado de Wilmor. Eu decidi parar e descansar,  meu companheiro continuou em fuga pelo vale, sem despedida em agradecimento, corria tanto que talvez só perceberia que estava sozinho mais tarde.
 Providenciei colher alguns gravetos ainda antes de anoitecer, mas não consegui fazer fogo a tempo. A noite chegou e procurei me aconchegar atrás de uma grande pedra. Amedrontado, faminto e com frio. Se o próprio Troll me aparecesse oferecendo ajuda eu  e o seguiria até a sua caverna! “–Tsc, tsc!..”  sorria sozinho em meio àquele vale sombrio. Óbvio que eu não o seguiria, os Trolls não se socializam, vivem nas cavernas, escravizando seres menores ou menos inteligentes... por isso consegui fugir. O brilho da lua tornava aquele vale um belo lugar para passar a noite... acordado. Sem fogo para espantar os animais ou uma manta para me cobrir, teria muita sorte se a luz do dia chegasse logo sem demais problemas... ou adormecer e acordar preso novamente. Um pouco mais de azar e eu seria abordado por nômades ladrões! Esse último seria mais perigoso, porque não tenho nenhum pertence e eles iriam querer me roubar de qualquer jeito! O corpo cedeu ao sono, e acordei com alguém me cutucando com um bastão:
- Ei! Acorde! Levante-se! – cutucavam minhas costas dois homens bem vestidos com couraças... portavam equipamento. Levantei-me num salto só, assustado.
- Estou desarmado! – fiz questão de afirmar ao me levantar, enquanto um deles me intimidava. - De onde vens e pra onde vai? – perguntou-me o outro.
- Eu e outros três homens fomos feitos prisioneiro por um Troll, não me lembro como. Acordamos numa pequena cela e conseguimos arrombá-la. Lutamos contra dois orcs num corredor estreito até chegarmos numa grade sala. Lá ocorreu o confronto em que dois dos nossos morreram. Ontem, antes do anoitecer, o outro homem tomou o seu rumo, e aqui estou, tentando chegar em paz ao condado de Wilmor... não tenho nenhum pertence mas posso ajudar se precisarem... por favor não me machuquem.
- Tome! – jogaram-me uma grande bolsa de couro nos pés – Carregue nosso equipamento, estamos indo para um lugar e passaremos pelo condado. Lá você fica. – Disse-me um deles com autoridade. Eu teria mais chances de chegar vivo em casa na companhia deles, então decidi ir. Qual era a outra alternativa: ficar só num vale sombrio?
Não era muito pesado, mas ali estava todo o equipamento deles. O que portava o bastão dava as ordens, parecia ser o líder entre os dois. O outro era grande e forte, não falava muito e passou a ficar mais atento à estrada, com o intuito de não sermos surpreendidos. As estradas essencialmente nos levam de um reino a outro. Naquele momento o que nos oferecia perigo eram as feras, os ladrões... tentei começar um bate-papo com um deles:
- Estão viajando a muito tempo? – perguntei ao mais forte.
 - Só fale comigo quando eu falar com você primeiro... senão você morre! – respondeu-me o “brutamontes”, sem deixar de vigiar os flancos!
- Não se assuste, rapaz. – me tranquilizou o portador do bastão – Ele é um mercenário, trabalha pra mim, é o meu guarda-costas. Pode conversar comigo, se quiser, mas nunca perca de vista a estrada. Elas guardam surpresas, boas e ruins.
- Tenho certeza que morrerei se falar com ele de novo! – continuei,  despretensiosamente – Então...  vocês estão viajando a quanto tempo?
 - Ele quis dizer que se bobearmos, seremos atacados por ladrões ou humanóides! – explicou a reação do mercenário, como líder – Somos em três, ou melhor,  dois. Estamos indo para o pântano de Iworcland, pretendemos passar pelo condado, e aí você fica.
- Posso ajudá-los a encontrar o que precisarem no condado. – tentei dizer algo que os agradassem – Conheço um bom ferreiro, e a taverna mais visitada pelos viajantes. Lá encontrarão algo útil.
- Sim, precisamos de óleo, armamento e comida. Sabe manejar alguma arma? – perguntou-me o líder.
- Eu ainda não tive a oportunidade! – respondi meio acanhado, mas queria deixar uma boa impressão – Meu fraco é o vinho! Sempre que passo da conta acordo nas situações mais adversas! Esta foi a pior ressaca que tive... até agora estou tentado me lembrar de como fui parar num calabouço!
- Ah! Ah! – soltou uma risada tímida - Mas você já matou um ser vivo? Já agrediu algum homem ou animal?
- Já troquei socos, mas nunca matei. – falei a verdade, e ele perdeu o interesse conversa. Caminhamos por todo o dia, sem descanso. Sabíamos que naquele ritmo chegaríamos no condado antes do anoitecer. E foi o que aconteceu. Logo que terminamos de subir um planalto, tivemos uma visão privilegiada do condado de Wilmor.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Capítulo 11

(Continuação dos capítulos anteriores. Comece lendo o Capítulo 1) 

Foi sentindo muita dor no braço que acordei. Estava numa sala pequena, parecia ser uma câmara muito profunda, uma caverna, sei lá... Eu só me lembro de ter caído do cavalo e machucado o meu braço, por isso que ele doía tanto. Junto comigo havia outros três homens desconhecidos, e todos assustados pelo fato de estarmos presos. Sabíamos que estávamos presos porque havia uma grade suja e muito velha. Um olhava para o outro e tentava gesticular, porque não falávamos a mesma língua. Eu tentava me lembrar em qual encrenca havia me metido pra estar ali, preso. Eu bebi muito na festa de aniversário da minha sobrinha, e praticamente todos do reino estavam lá. Comemos e bebemos muito!
O condado de Wilmor era uma vila muito humilde, de cotidiano simples... apenas próxima demais da caverna de Agnaron. Também, qual lugar é longe para um monstro de asas tão grandes? Com certeza eu acho que passei da conta e agora estava preso com outros três desconhecidos. Um deles vasculhou o chão e achou o que parecia ser um pedaço de faca velha e suja. Eu não sei qual a intenção que tiveram de nos colocar naquela pequena cela, se era pra nos manter presos, não funcionou. Antes que eu começasse a me preocupar o rapaz havia arrombado silenciosamente e acenava para que todos o acompanhassem.
A pequena câmara dava caminho para um corredor muito escuro e estreito. Tínhamos que andar agachados e em fila indiana porque não havia espaço. Não enxergávamos um palmo à nossa frente e nem percebemos as expressões um do outro quando, de longe, ouvimos um barulho esquisito, que se tornava cada vez mais presente. Eu desconfiava ser murmurros de um humanóide se aproximando, pelo fedor do lugar e pelo barulho que fazia ao se deslocar. O pior era constatar que vinha em nossa direção.  De repente, um dos homens que seguia à  frente da fila se assustou e começou uma luta corpo-a-corpo com um orc...  mas para a nossa surpresa eram dois orcs no corredor! Um deles estava com algum pedaço de madeira mas parecia não saber manuseá-la. Apanhava muito, a socos e mais socos de um dos nossos. Parecíamos em desvantagem porque éramos maiores e estávamos  agachados, enquanto que os orcs, um pouco menores, estavam em seu ambiente natural. Logo um deles desabou, deixando o pedaço de madeira cair. Nosso homem de frente o pegou do chão, ao mesmo tempo que o outro orc iniciou combate. Fraco demais! Ele deveria ter fugido quando teve a oportunidade.

Chegamos ao final do corredor e nos deparamos com uma sala bastante ampla, que também cheirava mal e estava bastante bagunçada. Em meio a tantos restos de comida, destacavam-se um armário, uma pequena arca e um grande pedaço de tronco de árvore. Esse último objeto poderia servir de mesa para os orcs, porém, revestido com pele de animais... poderia ser uma poltrona... se fosse de alguém muito grande! Eu me preocupei em procurar alguma porta ou saída, mas não encontrei. Um dos homens revistou a pequena arca e encontrou um saco de couro com uma boa quantidade de moedas de prata. Ele não quis contá-las ali, apenas guardou-as, enquanto o outro homem abria o armário e encontrava uma pequena machete. Ao apanhá-la, o armário começou a mover-se sozinho, e só depois todos perceberam que o móvel estava sendo arrastado... por um Troll! Ele arrastava o armário para adentrar à sala, e então percebemos que a única saída era aquela por onde o grande monstro adentrava! Nós humanos alcançávamos a cintura do monstro. Éramos quatro, armados com uma machete e um pedaço de madeira... um porrete! O Troll era três vezes maior e não tinha nada nas mãos, mas todos estávamos com medo de ser pego por ele porque, ao que tudo indicava, aquela era sua casa, os objetos eram dele, a prata era dele... a machete podia até ser de um dos orcs, mas com certeza todos nós éramos de sua propriedade. Ele nos queria presos novamente, e nós só tínhamos uma opção: lutar para escapar daquele covil. 


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Capítulo 10

(Continuação dos capítulos anteriores. Comece lendo o Capítulo 1) 

Os portões da fortaleza de Ainsengard foram abertas para a entrada do heroico nômade. Ele adentra-o, com o rei em seus braços e logo é socorrido pela guarda real. Um dos ”puxa-saco reais”  se aproximou cobrando explicações (“Puxa-saco real” era o nome dado àqueles mordomos, o quase sempre se assemelha a uma pessoa ordeira, fraca e inofensiva mas que  poderia, à qualquer instante, assumir uma postura de manipulador, entre outras palavras, verdadeiros “linguarudos” que mal assustava um mosquito):
- O quê aconteceu com a vossa majestade? – perguntava, extremamente preocupado com o rei Gabriel. No instante que Sir. Dewysom, cansado da caminhada com o rei nas costas, ia explicar o acontecido... foi interrompido no meio da explicação.
- Sir. Dewysom! Esta é uma ordem: o senhor é o rei de Aisengard enquanto Gabriel se recupera!
Como assim? Quem são vocês? – perguntava o nômade, assustado. O puxa-saco real, com vestes reais, bem costuradas (“apropriadas” para um subalterno da realeza). Olhou pra você e sussurrou: - Cale a boca e confirme tudo! 
- O quê... mas... quem... eu? -  e novamente  Sir.Dewysom, é interrompido:
- A pancada na cabeça dele foi muito forte? – pergunta outro puxa-saco real. E logo em seguida outro puxa-saco real comenta:
- Será que ele ficou inconsciente? – e Sir. Dewysom aos poucos começa a perceber as coisas: Os puxa-sacos reais confabulam entre si, num blá-blá-blá que sugere uma suposta “perda de consciência” do garoto Gabriel, e confabulam, confabulam, para que Aisengard naquele momento mudasse de rumo.
-Mas que pena! Tão promissor, tão inteligente... e perder a consciência assim, de repente... muito triste mesmo. – palavras de um dos puxa-sacos reais – Vamos apresentar seus aposentos ao senhor, Sir. Dewysom, digo... vossa majestade!
- Sim! – destaca-se entre os puxa-sacos reais uma criança - Há muito o que ser ensinado ao nosso rei! 
Essa era então a chance que um certo grupo de pessoas estavam esperando! O reino de Aisengard, sendo administrado por uma pessoa que não é da família real, ou de sangue azul, como diriam os camponeses, mercadores... Agora pense na situação em que o Sir. Dewysom encontra-se: da noite pro dia passou de ex-prisioneiro à braço direito do príncipe herdeiro. Agora é nomeado rei e aparentemente só saberá  o “por quê” mais tarde. O nevoeiro castiga mais ainda a região... os mais antigos acreditam que a natureza tem o poder de anunciar um futuro próximo. Eis que alguém confirma em voz baixa:

- Algo tenebroso está pra acontecer! 

domingo, 1 de setembro de 2013

Capítulo 9

(Continuação dos capítulos anteriores. Comece lendo o Capítulo 1)


Ventania forte e fria a que soprava contra o rosto daqueles dois. Retornando para o castelo, o rei Gabriel parece respirar aliviado, comentando a respeito dos aventureiros que acabara de conhecer na taverna, aqueles que aceitaram o desafio de acabar com Agnaron:
-Ufa! Não demorou muito para aquele velho nos apresentar um grupo de aventureiros! Eu não os encontraria, pois mal conheço meus próprios servos!
Sir. Dewysom, experiente nômade que era, o alertava para os cuidados que deveriam tomar naquele momento:
-Não abaixe a guarda, majestade! Aqueles que contratamos são mercenários! Eles lutam po dinheiro! Se eles vão honrar o compromisso ou não é algo que só saberemos depois que eles partirem rumo ao confronto com o inimigo... isso “se” soubermos do paradeiro deles! Não podemos nos dar o luxo de pensar que resolvemos o nosso problema!
Uma voz alta e grave vem dos céus: - Você tem toda razão, Sir. Dewysom! – era ele, o monstro branco voador, que sobrevoava despretensiosamente as proximidades... e para o azar deles: Agnaron! O único da espécie capaz de voar sob a nevasca intensa.
 - Não tenham medo. Eu não desperdiçaria meu tempo com vocês dois... coitadinhos: perdidos na floresta!! Estou procurando algo para matar a minha fome! (irônico) Aliás, não é todo dia que eu encontro um membro da família real perambulando por aí... 
Sir. Dewyisom tomou a frente do jovem Gabriel e segurou firme a sua espada, apontando-a contra o réptil gigante e em posição de combate. Agnaron não era gigante, ágil e assustador! Entre suas garras afiadas ainda estavam o sangue da sua última vítima: certamente um pobre animal que cruzara o seu caminho. Da sua boca poderia sair um hálito tão frio que congelaria qualquer ser num raio de dez a quinze metros... e esta era mais ou menos a distância entre ele e a dupla de “azarados”. Não restou outra alternativa ao Sir. Dewysom, e ele foi direto ao ponto:
- Providenciaremos o seu ouro, Agnaron. Talvez demore um pouco, pois Aisengard não esperava passar por uma situação como essa. A família real atravessa um momento difícil...
- Acha mesmo que eu vou lamentar a morte do rei? – interrompe o lagarto voador – Eu poderia me aproveitar da situação e fazer  Aisengard sumir do mapa. Mas aí não teria graça! Me divirto vendo os humanos se escondendo de mim ou armando emboscadas para me capturar. Ah! Ah! Ah! Vou esperar um pouco mais, até que reúnam todo o ouro. Ou  mandarei centenas de goblis e orcs invadirem suas terras. Todos eles sedentos por guerra e destruição... e sob o meu poder! Ah!Ah!Ah! Ah!Ah!
A cada passo que o dragão dava olhando por entre as árvores, procurando por uma presa, Gabriel, amedrontado, escondia-se atrás de Sir. Dewysom, este empunhava a sua espada com a firmeza de quem estava pronto pra ser atacado.
Eis que Agnaron, num ataque surpresa, se apodera de um animal, uma vaca. Ela passava por perto quando o lagarto cravou suas garras no animal, ao mesmo tempo em que impulsiona para levantar vôo. Dizia em voz alta:
 – Eu quero meu ouro! – ao mesmo tempo que o animal mugia de dor em suas garras perfurantes! E sumia pelo céu.
Aliviados, os dois escoram numa árvore e agradecem aos anjos, simplesmente por estarem vivos após a surpreendente abordagem:
- Majestade, o senhor está bem? – preocupa-se Sir. Dewyisom com o seu rei - Esta criatura não é tão grande quanto ouvi falar. Com as asas abertas, ele parece muito maior - Gabriel encontrava-se em completo estado de choque – Fique calmo, senhor. Ele só queria se alimentar, coincidentemente passávamos próximo a uma das fazendas do reino – tentou tranquilizá-lo , mas o pavor já havia tomado conta do jovem.
- Sei exatamente o que aconteceu, Sir. Dewysom: nós... quase... morremos!!  Esta criatura é terrível... e vai acabar com todos nós! – gritava Gabriel desesperadamente.
 - Durante todo esse tempo em que negociávamos com os mercenários, muitas coisa passou pela minha cabeça – afirmara o rei – Agora então, diante do próprio Agnaron... eu estou com medo! Veja como tremem minhas mãos.
- Coragem, majestade! Estamos vivos, isso é o que importa! Devemos continuar a nossa caminhada rumo ao castelo ou morreremos aqui congelados... a nevasca está piorando! – gritava também o bravo nômade com o seu rei, na expectativa de que ele despertasse do trauma. Porém, transtornado, o jovem continuava a lamentar a sua falta de experiência e a necessidade de ter que tomar decisões importantes:
- Meu pai era muito seguro de si. Em nenhum momento ele pensou no reino que deixaria pra mim? Eu não esperava herdá-lo cheio de ameaças e trapaças. Se ele acreditava que quitaria essa dívida ou não, por que ele não me alertou? Porque não me preparou para o pior? Eu não serei o seu sucessor. Outro homem, um guerreiro nato, deve ocupar o trono de Aisengard, não eu!
-Majestade, o senhor bebeu na taverna? – gritava o nômade - Não sabe o que está dizendo! – Gabriel simplesmente parou no lugar onde estava e se recusou a seguir para o castelo.
- Sir. Dewysom: eu não serei bom rei para Aisengard. Não tenho a coragem necessária para ser um líder, um desbravador, e talvez só haja uma coisa a fazer para o bem de todos: eu vou sumir daqui! Sim! Sumirei... já que o meu nome e o meu sangue me obriga a tomar decisões para as quais eu não fui preparado.
- Não blasfeme, Majestade! – grita Sir. Dewysom com o jovem, num gesto desesperado de trazê-lo de volta pra casa - se não pode se comportar como um nobre, procure aprender a respeitar a nobreza. Vossa majestade deve honrar o nome do seu pai e da lei de sucessão do trono.
- Então Sir. Dewysom, eu o ordeno que me ajude a fugir – falou em voz alta o jovem em meio à ventania, numa outra tentativa de sumir dali.
Sir. Dewysom, abismado, vê uma “criança”, em outras palavras, sacar vejam vocês, uma adaga! Um punhal, um pouco maior. Parecia estar possuído! Enfeitiçado, talvez... e seu olhar estava distante... não seria nenhuma surpresa se estivesse possuído, já que Agnaron poderia ainda estar próximo.Os dragões possuem o poder de comandar mentes! Num piscar de olhos eis que surge repentinamente Sir. Dewysom, frente a frente com Gabriel... e o desafia:
-Majestade, serei obrigado a levá-lo de volta ao reino. Não me obrigue a ter que usar a força contra você.

 O garoto, num ato impensado, partiu pra cima do seu próprio comandado, conseguindo acertar-lhe de raspão um golpe, um corte superficial no ombro do destemido nômade.  Porém, com braços maiores e mais fortes, rapidamente o jovem rei foi dominado, até que suas forças se acabaram, ou um feitiço havia se dissipado... enfim, com o jovem rei em seus braços e desacordado, Sir. Dewysom consegue caminhar trazendo Gabriel desacordo emm seus ombros. Enfim, chegou até os portões do castelo... com frio e exausto!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Capítulo 8

(Continuação dos capítulos anteriores. Comece lendo o Capítulo 1)

Enquanto sir Deywisom colhe informações a respeito de mercenários junto ao velho homem que acabara de conhecer, o adolescente rei se lembra da missão: a ideia de ter que negociar com um monstro mágico, forte e muito mais experiente o assustava. A todo instante atormentava-o essa sina, de saber que esse monstro poderia ter um dia duelado com um familiar seu...  até o seu tataravô deve ter confrontado com ele. Adentraram então na taverna indicada pelo velho.
A nevasca intensa faz com que muitos viajantes procurem um lugar seguro para passar a noite. É perigoso viajar sozinho, por isso pessoas importantes pagam a mercenários para que cuidem de sua defesa pessoal. Viajavam em grupos, desafiador era descobrir quem era o líder de cada grupo. Um em especial chamou a atenção sir Dewysom. fazia de uma mesa dos fundos de uma taverna o seu cabaré particular!
Ali estavam bebendo e saciando a fome uns seis grupos diferentes, todos aparentemente ordeiros! O velho se aproxima de um dos grupos:
-Homens, esse é sir. Deywvisom, mensageiro do rei de Aisengard – disse o velho - Ele procura por mercenários para uma missão e disse pagar bem... estão interessados?
- O que quer dizer com pagar bem ? - pergunta o anão, bêbado. Sir Deywisom explica:
- Estamos sendo ameaçados por Agnaron, o dragão branco. Ele quer uma grande quantia... em ouro. E neste momento, o reino de Aisengard não garante ter. Portanto pagaremos um valor justo àqueles que quiserem subir até o seu encontro... e calarem a fera.
- Só isso? Matar um dragão? Ah!Ah!Ah! Estou disposto a morrer de bolsos cheios! – gargalhada farta a do anão, que faz piada com a notícia – Pague a nossa conta e nos dê um adiantamento de dez peças de ouro para cada um de nós! Apresento-lhes: Ahria, brava guerreira, e Gohiath, o gatuno.
- Aqui está! – concorda sir. Deywisom, arremessando uma bolsa de couro em cima da mesa, cheia de moedas de ouro – Não precisam conferir, tem muito ouro... haverá muito mais ouro esperando por vocês quando retornarem. Durmam, espero vocês amanha no castelo de Aisengard. O anão recolhe a sacola de ouro, conferiu-a rapidamente e volta a beber – Vamos matar Agnaron... todo ser vivo um dia morre, inclusive nós! Ah! Ah! Ah... blurrrp! Gohiath, traga mais vinho, vamos comemorar! – urrava o anão, era o líder do grupo... seu nome:  Krowlang, o furioso. 


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Capítulo 7

(Continuação dos capítulos anteriores. Comece lendo o Capítulo 1)

-Não! Agnaron não! O que vou fazer? – gritava desesperadamente o rei Gabriel Ainsengard Sétimo, na imaturidade dos seus dezesseis anos de idade - Você servo: recolha todo o ouro que puder, inclusive da população! - o jovem rei Gabriel não sabia o que fazer, nem o que dizer. Tudo é muito intenso e cada vez mais perigoso. Ele sentiu uma pressão tão grande com a ameaça do góblim que ele só imaginou o tamanho do dragão branco, sobrevoando o castelo.
- Você, servo: juntem os homens! Todos do reino que consiga empunhar uma espada! – ordenava alto e em bom tom – Quero treinamento intensivo em três dias! – dizia para o chefe dos exércitos. Até que sir. Deywisom se aproximou e aconselhou o jovem rei com cuidado, pois sabia que era um momento difícil.
Gabriel não sabia que a sua família tinha esse tipo de acordo com o ser mais perigoso do reino. Isso sim, causava muito sofrimento durante os últimos dias de vida. Disse sir. Deywisom:
- O senhor poderia enviar mercenários para matar Agnaron. Posso ir até alguma taverna do reino e me informar a respeito.
-Então faça! – concorda Gabriel. 
Sir. Deywsom se preparava para enfrentar a fria neve com grossas capas de peles de lobo. Em seus planos, ir até uma taverna e tentar colher informações. Demorou quase o mesmo tempo que o rei levou para também se vestir. E perguntou:
-Majestade, não é seguro me acompanhar. Lá fora neva muito, está frio e as tavernas não são lugares apropriados para a família real.
-O calabouço também não era ... nos conhecemos lá, não foi? - exclamou o jovem.
Saíram então em meio a muita neve! Às escuras somente se enxergava as janelas das casas e tavernas. Entraram os dois numa delas e logo foram percebidos pelos que ali estavam, tamanha era a falta de clientes. Este com certeza não era um local muito frequentado. Sir. Deywisom não exitou em perguntar ao dono do estabelecimento:
- Homem,  estou à procura de mercenários em nome do rei de Aisengard. Sabe me dizer onde encontro?
- Aquele senhor sentado à mesa poderá te dar melhores informações. Ele com certeza deve conhecer mais pessoas. – responde prontamente o vendedor.
Sir. Deywisom agradece e caminha em direção ao velho homem . Gabriel o acompanha e juntos se aproximam.
-Homem, procuramos por mercenários. Nos informaram que você poderia nos indicar bons guerreiros, é verdade?
- Sim. Posso apresentar-lhes bons guerreiros. Paguem a minha bebida e me acompanhem até uma outra taverna, a alguns metros desta. Talvez estejam lá neste exato momento – afirma o velho homem, barbudo e simples.  Ele então se levanta e, juntos, saem da taverna em direção à outra taverna.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Capítulo 6

(Continuação dos capítulos anteriores. Comece lendo o Capítulo 1)

A serpente aplicou o primeiro bote e acertou um dos guardas reais, que logo caiu. O ex-prisioneiro, o homem que havia jurado fidelidade ao rei, procurou se aproximar, a ponto de recolher a espada usada pelo guarda atingido. Num ataque fulminante de todos os outros guardas, a serpente gigante não resistiu... foram tantas espadas perfurando-a de uma só vez que ela caiu. A magia negra que a dominava foi se esvaído, tornando-se poeira, depois fumaça, e assim se desfez por entre os vitrais daquele aposento.
-Vossa Majestade, o senhor está bem? - se aproximou o ex-prisioneiro, preocupado com a integridade física do seu rei.
- Sim, estou bem. – tranquilizou a todos o rei - Agora tirem-me essa armadura... não estou suportando o seu peso.
Todos os bravos soldados que chegaram posteriormente só puderam imaginar o que poderia ter acontecido. Trataram de recolher o corpo do guarda atingido e cuidar do seu enterro. Mais um que morre pela bruxaria maligna que assola o reino. Horas depois, o jovem rei Sir. Gabriel Aisengard Sétimo refletia sobre os últimos acontecimentos. O falecimento do seu pai, a herança do reino, a posse do trono e uma armadilha que o levou para o calabouço, de onde escapou com méritos e o habilitou a um precoce amadurecimento. Mas nada foi tão perigoso quanto estar frente a frente com uma serpente gigante.  E pensar que o primeiro bote da horrenda criatura poderia ter sido em sua direção... era necessário estar atento: qualquer pessoa ou criatura poderia estar naquele exato momento tramando contra o seu reinado.
Era o momento de contar com um escudeiro. Alguém que seja seu braço direito e o defenda com unhas e dentes... ou espadas! Convidou então o ex-prisioneiro que o ajudou a fugir do calabouço:
- Qual o seu nome, homem?
- Majestade, eu me chamo Deywisom. – respondeu o ex- maltrapilho anônimo.
- Pois o nomeio Sir. Deywisom. Será meu braço direito, se quiser, e terá a oportunidade de cumprir a promessa feita no calabouço, lembra-te? - indagou o rei.
- Sim senhor. Será uma honra lutar contra qualquer um que o ameace. – agradeceu.
O rei ordenou então que providenciassem banho, comida, armamento e roupas adequadas a Sir. Deywisom, acreditando ser ele alguém de sua confiança. O rei Gabriel ocupava o trono e ainda organizava as suas ideias quando outro informante adentra ao salão principal e anuncia a chegada de um mensageiro.
- Não quero receber visitas. – disse o rei, imaginando não estar pronto pra tomar nenhum tipo de decisão. Mas foi um dos guardas reais que se aproximou e aconselhou:
- Majestade, estamos aqui... do seu lado. Um mensageiro em si não o oferecerá perigo e a mensagem que ele traz pode, no máximo, deixa-lo preocupado. E esse mensageiro traz informações importantes, de alguém que o seu pai conhecia.
- Tudo bem, mande-o entrar. – autorizou o rei. Eis que entra no salão principal um góblim, uma criatura pequena, feia, peluda. O fedor daquela criatura tomou conta do salão. Seus dentes caninos ficam pra fora de sua grande boca, e enquanto caminha em direção ao rei, aproveita pra atormentar os guardas reais dando língua e fazendo careta... é o que se pode esperar deles. O que o tornava diferente dos outros orcs era a vestimenta que ele trazia consigo e a falta de armamento, porque nas histórias contadas pela sua mãe os orcs eram grandes, desnudos e armados com porretes.
- Então vocês trataram de, rapidamente ocupar o lugar do nosso falecido amigo! – ironizava a criatura – Trago condolências de Agnaron, o dragão branco. Ele tinha com o seu pai uma grande amizade e muitos negócios. Vim também saber se continuaremos com os negócios ou teremos que marcar outra reunião? Quem sabe até estabelecer novas taxas de pagamento!
-Ora, seu insolente! Não fale assim com rei! – Sir. Deywisom desembainha a sua espada e parte para cortar o góblim ao meio, mas é contido a tempo por um dos guardas, que diz:
- Deixe-o blasfemar. É da sua medíocre natureza fazer com que nós humanos percamos a paciência. Ele é somente um mensageiro, e se não retornar com a resposta dentro do prazo, centenas deles nos atacarão, e pior: acompanhados de Agnaron, o dragão branco.
- Então, jovem rei... você tem três dias para enviar dez mil moedas de ouro em troca da paz de Ainsengard por um bom tempo.  Caso contrário nós tomaremos o seu castelo, como fizemos com outros dois reinos próximos daqui. – ameaça o goblim, que dá as costas e se retira do castelo, gargalhando, certo de que o cheiro que rondava aquele jovem rei era o de medo. Sim! Eles estavam com medo, e Agnaron não perdoará esta dívida.