O rei de Ainsengard morreu. Muita dor e luto, principalmente para
a sua família. O seu único filho, Gabriel, não acreditava na notícia. Até
porque ser o único herdeiro de um grande reino era uma responsabilidade muito
grande para um adolescente de 15 anos. Localizado num continente gelado onde a
população vive a maior parte do ano sob a neve e às escuras, Aisengard
tornava-se, naquele dia, muito mais fria do que comumente, pois a partir
daquele momento faltaria o abraço quente de um homem justo e acolhedor. Seu
último pedido foi que defendessem o reino com honra e bravura. Seu último
ensinamento: a melhor defesa é o ataque, surpreenda o seu inimigo! E depois de
um funeral grandioso, Gabriel afirmava em silêncio:
-Meu pai foi um herói.
Aproximou-se do então príncipe Gabriel, um homem velho, baixo e
fraco, que se dizia mordomo do castelo e servo do falecido rei, dando os
pêsames:
- Majestade, meus sentimentos. Sei que é um momento difícil, mas
o seu povo precisa de uma resposta da família em relação ao trono. O senhor
Gabriel tem o direito e o dever de reclamá-lo antes que alguém resolva tomá-lo.
Venha, vamos até a varanda, é grande o número de pessoas que o aguardam,
preocupados com o futuro delas.
O príncipe caminhou até a varanda, quase que chorando, sem saber
se faria aquilo com orgulho ou com pesar. Enfim, quem esteve naquela gélida
noite de muita neve e escuridão, ouviu Gabriel estender os braços e dizer que
conduziria aquele reino como um legítimo herdeiro. Antes de ir para seus aposentos,
Gabriel faz uma pergunta ao seu servo, despretensiosamente:
- Servo, o meu pai foi um rei bom e piedoso ou um tirano?
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